sexta-feira, 24 de junho de 2011

Panorama de época

Panorama de época

       Na Bahia de fins do século XIX e começo do XX havia uma clara distinção entre a vida no interior e a vida litorânea. Enquanto naquela os grandes ermos pouco povoados, de cidades esparsas, marcava boa parte do território, no segundo a vida era plenamente integrada às lutas e realidade nacionais.
       Mas o sertão não era uma unidade: A Chapada tinha uma realidade diversa daquela que gerara Canudos e seu Conselheiro. Em Caetité vivia-se, no dizer de Teodoro Fernandes Sampaio, qual uma "Corte do Sertão" - com imprensa ativa, energia elétrica, etc. Era ali, na figura das facções existentes, que buscara apoio Militão Coelho, junto ao chefe Deocleciano Pires Teixeira (pai de Anísio Teixeira), como a família Matos tivera em Bráulio Xavier e Rui Barbosa. Na extensão do São Francisco outras tantas culturas se formavam. Feira de Santana era como que um elo de união desses mundos diversos e a Capital.
       A região da "Chapada", essencialmente mineradora e povoada por aventureiros de todas as partes do mundo, construía um mundo de "bambúrrios e quimeras", como no título da obra do historiador Erivaldo Fagundes Neves.        Comumente chamada genericamente de "Lavras", compreendia um vasto território no meio do estado, com antigas vilas como Rio de Contas e Brotas de Macaúbas. Isolados nichos de civilização, foi num distrito desta última que nasceu a legendária figura de "Horácio de Matos" - um homem que desafiou o governo do litoral, que tratava diretamente com os governadores, e que durante um quarto de século dominou com mão de ferro os sertões da Chapada Diamantina e da Chapada Velha, onde vivia o clã dos Matos.

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