sábado, 24 de setembro de 2011

O fim trágico do Coronel Militão Rodrigues Coelho

Coronel Militão e amigos em visita a cidade de Xique-Xique-BA em 1912, juntamente com o seu filho Nestor Coelho o terceiro da esquerda para a direita

       O coronel Militão Rodrigues Coelho teve uma vida inteira de lutas. Foi intendente de Brotas e de Barra do Mendes e comandou um exército de jagunços. Após uma vida inteira de lutas, glória e poder, não aceitava a derrota imposta por Horácio de Matos, sobrinho do seu maior desafeto, Clementino Matos. Nos últimos meses de vida, se manteve recluso no exílio. Dentro de um quarto, não aceitava nenhum tipo de comida, só café e cigarro. A sua morte por inanição ocorreu no dia 8 de Dezembro de 1919, justamente no dia da Padroeira da sua querida Barra do Mendes, Nossa Senhora da Conceição.  Seus restos mortais jazem submersos nas águas turvas da barragem do Sobradinho.

O sertão que eu conhecí (2a ed. 1985) – Claudionor Oliveira Queiróz

Militão X Família Matos

                                     
  Coronel MilitãoRodrigues Coelho, inimigo n° 1 da família Matos
      
       O ponto de partida para as desavenças entre Militão e a família Matos foi quando, em 1896, um jagunço do Coronel Clementino Pereira de Matos, chamado “Antônio da Jumenta”, depois de uma horrível bebedeira, insultou Militão e acabou levando uma surra de facão. Depois disso, Militão armou várias emboscadas para os jagunços de Clementino. Depois de exercer o poder total em Barra do Mendes, Militão desejava conquistar Brotas. Com a morte do Coronel José João, o cargo de Intendente (equivalia a prefeito) havia ficado vago, então ele juntou um exército e marchou para lá (1913). Foi interceptado por Horácio que o desencorajou a invadir a cidade, argumentando que um ataque de surpresa geraria antipatia e aversão das famílias brotenses ao chefe de Barra do Mendes.
       Militão Rodrigues Coelho dominava Barra do Mendes. Na segunda tentativa que fez, ele conseguiu tomar Brotas de assalto e se estabeleceu lá como chefe, “fazendo e acontecendo”, não querendo abrir mão do poder sob hipótese alguma. Isso deixava irados seus inimigos, principalmente os Matos, que não haviam esquecido as emboscadas preparadas por ele a Clementino e seus jagunços. A situação era tensa, e o confronto, inevitável. Os dois lados se prepararam, até que Horácio invadiu Brotas e depôs Militão pela força das armas, assumindo o poder.

Chapada Diamantina: História, riquezas e encantos (2a edição) – Renato Luís Bandeira / Onavlis Editora
     

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

A morte do coronel Horácio Matos

                       liandroantiques | CORONEL HORÁCIO DE MATTOS
Retrato pintura do coronel Horácio Matos


      
       A Revolução, tão logo desarmou o sertão, manda prender os chefes, e Horácio de Matos é feito prisioneiro a 30 de dezembro de 1930. Sem resistência, e levado preso a Salvador pelo tenente Hamilton Pompa. É solto condicionalmente, por não existir contra si culpa formada. Irado com a soltura do coronel, o jovem tenente Hamilton, segue para o Palácio do Rio Branco, disposto a matar o responsável pela soltura de Horácio mas acaba sendo assassinado por um guarda. Na noite de 15 de maio de 1931, Horácio sai para passear no centro da capital baiana com a filha Horacina de seis anos de idade. O agente policial Vicente Dias dos Santos o aguarda. Diante de testemunhas, alveja o coronel, caudilho da Chapada, Governador dos Sertões. Três tiros pelas costas. Morre Horácio de Matos, o maior dos coronéis da Bahia.  Pelo crime, o assassino é absolvido. Não revela seus mandantes. Pouco depois de ser solto sofre um atentado, do qual escapa. Entretanto, morre pouco depois, misteriosamente. Registrou Claudionor Queiroz: "Dizem que Vicente morreu de feitiço!..." Com a morte do coronel Horácio  Matos também morre o coronelismo no Brasil.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Jagunços ou Heróis?

Grupo de jagunços

       Região marcada por grandes diferenças sociais e concentração de renda, a Chapada Diamantina foi, da segunda metade do século XIX até década de 1930, um barril de pólvora comandado por poderosos coronéis. As tradicionais famílias proprietárias de terra davam abrigo e emprego para os colonos e exploradores a procura de riquezas, e em troca conquistavam a gratidão e fidelidade dessas pessoas. Formaram-se assim verdadeiros exércitos de jagunços disposto a defender com a própria vida os interesses dos patrões.
       As divergências entre coronéis levaram à criação de dois partidos políticos que, mais que uma posição ideológica, representavam uma escolha social. Os liberais e conservadores (ou pinguelas e mandiocas, apelidos dados a um pelo outro) dividiam-se em tudo, do uso obrigatório da cor-símbolo do partido à formação de duas orquestras filarmônicas que disputam as atenções nas festas populares.
       As mudanças da transição do Império para a República, ainda que chegando com certo atraso à região, acirraram ainda mais a tensão política dos grupos rivais. A tentativa de centralização do poder em um governo federal (e a consequente perda de influência na política local) e a abolição da escravatura foram mudanças que assustaram a política conservadora local.
       Com a morte do coronel Felisberto Augusto de Sá em 1896, acirraram-se as disputas pelo poder na região. Os coronéis Felisberto Sá e Heliodoro de Paula Ribeiro travaram, através de seus jagunços, uma verdadeira guerra na região. O seqüestro do filho de Felisberto, Francisco Sá, agravou a disputa, que só terminou com a intervenção do governador baiano.
       Um período de relativa paz marcou a passagem de comando dos coronéis a seus sucessores. Horácio de Matos, sobrinho de Clementino de Matos (outro coronel), é chamado para assumir as áreas do tio e propõe paz entre as famílias. Um curioso início de carreira para o homem que, após violentas batalhas contra a Coluna Prestes, seria definitivamente considerado o coronel mais temido e respeitado da Chapada.

Créditos: Carlos F. d'Andréa

Texto retirado do site:

http://www.cidadeshistoricas.art.br/hac/hist_05_p.php