Região marcada por
grandes diferenças sociais e concentrações de renda, a Chapada Diamantina foi,
da segunda metade do século XIX até a década de 1930, um barril de pólvora
comandado por poucos e muitos poderosos coronéis. As tradicionais famílias
proprietárias de terras davam abrigo e empregos para os colonos e exploradores
a procura de riquezas, e, em troca, conquistavam a gratidão e fidelidade dessas
pessoas. Formaram-se assim verdadeiros exércitos de jagunços disposto a
defender com a própria vida os interesses dos patrões. As divergências entre os
coronéis levaram a criação de dois partidos políticos que, mais que uma posição
ideológica, representavam uma escolha social. Os liberais e conservadores, ou simplesmente
pinguelas e mandiocas, apelidos dados a um pelo outro. Esses dois partidos
dividiam-se em tudo, do uso obrigatório da cor-símbolo do partido à formação de
duas orquestras filarmônicas que disputavam a atenção nas festas populares.
Com a morte do coronel Felisberto Augusto de Sá em 1896, acirram-se as
disputas pelo poder na região. Os coronéis Felisberto Sá e Heliodoro de Paula
Ribeiro travaram, através de seus jagunços, uma verdadeira guerra na região. O seqüestro
do filho de Felisberto, Francisco Sá, agravou a disputa que só terminou com a
intervenção do governador baiano. Um período de relativa paz marcou a passagem
de comando dos coronéis a seus sucessores. Horácio de Matos, sobrinho do
coronel Clementino de Matos é chamado para assumir as áreas do tio e propõe paz
entre as famílias. Um curioso início de carreira para o homem que, após
violentas batalhas contra a Coluna Prestes, seria definitivamente considerado o
coronel mais temido e respeitado da Chapada Diamantina.
As mudanças da transição do Império para a República, ainda que chegando
com certo atraso à região, acirram ainda mais a tensão política dos grupos
rivais. A tentativa de centralização do poder em um governo federal e a conseqüente
perda da influência política local e a abolição da escravatura foram mudanças
que assustaram a política conservadora local.
Texto de Carlos F.
d' Andréa
http//
www.cidadeshistoricas.art.br/hac/hist_05_p.php
Coronel Horácio Matos
Coronel Clementino Pereira de Matos
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