domingo, 20 de maio de 2012

Coronelismo e Messianismo


Coronelismo e Messianismo

 



          Em 1934 morria em Juazeiro do Norte um "messias", também perseguido pela Igreja Católica, porém, ao contrário de Antonio Conselheiro, o Padre Cícero Romão Batista era um aliado dos coronéis do Vale do Cariri, que a partir de 1912 lutaram contra a política de intervenções do governo federal e derrubaram o governador Franco Rabelo.

 

Padre Cícero Romão Batista



                                                                 O MESSIANISMO



          Considera-se como movimento messiânico, aquele que é comandado por um líder espiritual, um "messias", que a partir de suas pregações religiosas passa a arregimentar um grande número de fiéis, numa nova forma de organização popular, que foge as regras tradicionais e por isso é vista como uma ameaça a ordem constituída.
          Esses movimentos tiveram importância em diversas regiões do país; no interior da Bahia, liderado pelo Conselheiro, em Juazeiro no Ceará, liderado pelo Padre Cícero, no interior de Santa Catarina e Paraná, liderado pelo beato João Maria e novamente no Ceará, sob comando do beato José Lourenço; somente foi possível devido a algumas condições objetivas como a concentração fundiária, a miséria dos camponeses e a prática do coronelismo, e por condições subjetivas como a forte religiosidade popular e a ignorância. Os grandes grupos sociais que acreditaram nos messias e os seguiram, procuravam satisfazer suas necessidades espirituais e ao mesmo tempo materiais.



O CONFLITO NO CEARÁ


          A Guerra que tomou conta do Ceará entre dezembro de 1913 e março do ano seguinte refletiu a situação da política interna do país, caracterizada pela disputa das oligarquias pelo poder. A vida política brasileira era marcada pelo predomínio de poucas famílias no comando dos estados; as oligarquias utilizavam-se da prática do coronelismo para manter o poder político e econômico.

          No início de 1912, a "Política de Salvações" do presidente Hermes da Fonseca atingiu o Ceará. A prática intervencionista acompanhada de um discurso moralizador serviu para derrubar a governador Nogueira Acciolly, representante das oligarquias tradicionais do estado, em especial da região do Cariri, no poder a quase 25 anos.

          Em abril do mesmo ano, foi eleito o coronel Franco Rabelo como novo governador do Ceará, representando os grupos intervencionistas e os interesses dos comerciantes. Rabelo procurou diminuir a interferência do governo federal no estado e demitiu o prefeito de Juazeiro do Norte, o Padre Cícero.




 
Padre Cícero e a sedição de Juazeiro



              O conflito envolveu, de um lado, o novo governador eleito, Franco Rabelo e as tropas legalistas, e de outro as tropas de jagunços comandadas por Floro Bartolomeu, apoiadas pelo padre Cícero e pelos coronéis da região do Cariri, contando ainda com o apoio do senador Pinheiro Machado (RS), desde a capital.

          O movimento armado iniciou-se em 9 de dezembro de 1913, quando os jagunços invadiram o quartel da força pública e tomaram as armas. Nos dias que se seguiram à população da cidade organizou-se e armou-se, construindo uma grande vala ao redor da cidade, como forma de evitar uma possível invasão. A reação do governo federal demorou alguns dias, com o deslocamento de tropas da capital, que se somariam aos soldados legalistas no Crato. Apesar de estarem em maior número e melhor armados, não conheciam a região e nem as posições dos jagunços e por isso a primeira investida em direção a Juazeiro foi um grande fracasso, responsável por abater os ânimos dos soldados. Os reforços demoraram a chegar e as condições do tempo dificultaram as ações para um segundo ataque, realizado somente em 22 de janeiro e que não teve melhor sorte do que o anterior. Com novo fracasso, parte das tropas se retirou da região, possibilitando que os jagunços e remeiros invadissem e saqueassem as cidades da região, a começar pelo Crato, completamente desguarnecida. Os saques tinham por objetivo obter armas e alimentos e foram caracterizados por grande violência.

          A última investida legalista ocorreu em fevereiro sob o comando de José da Penha, que acabou morto em combate.


 


             A partir de então, Floro Bartolomeu começa a organizar uma grande tropa de jagunços com o objetivo de ocupar a capital Fortaleza. Durante os primeiros dias de março, os jagunços ocuparam diversas cidades e as estradas do interior e se aproximavam da capital, forçando Franco Rabelo à renúncia no dia 14 de março.
          Dessa maneira, terminava a Política das Salvações e a família Acciolly retomava o poder. Floro Bartolomeu foi eleito deputado estadual e posteriormente deputado federal. A influência política do Padre Cícero manteve-se forte até o final da República Velha.

Morte do padre Cícero no dia 20 de julho de 1934 


domingo, 13 de maio de 2012

Lençóis - Bahia, terra de coronéis

Lençóis está localizada no centro do estado da Bahia, região centro-oeste da Chapada Diamantina na Serra do Sincorá, a 410 km da capital baiana. Foi palco de lutas históricas entre os coronéis Horácio Matos e Felisberto Sá. Lençóis hoje é uma cidade turística que sabe explorar a sua história e suas belas paisagens.


Casarios coloniais que fazem de Lençóis uma das cidades mais bonitas da Bahia
Foto: Cleonaide Moreira de Novais Ribeiro


Foto: Cleonaide Moreira de Novais Ribeiro


O autor do blog, Wagner Almeida Alves Ribeiro em frente o casarão que pertenceu ao coronel Horácio Matos


Foto: Cleonaide Moreira de Novais Ribeiro


Ruas estreitas que foram palco de lutas memoráveis e sangrentas

Foto: Cleonaide Moreira de Novais Ribeiro


Foto: Cleonaide Moreira de Novais Ribeiro

Casarão de Horácio Matos
Foto: Cleonaide Moreira de Novais Ribeiro


Foto: Cleonaide Moreira de Novais Ribeiro


Arquitetura colonial
Foto: Cleonaide Moreira de Novais Ribeiro

Centro Histórico tombado. Lençóis foi tombada  em 1973, é hoje Patrimônio Histórico Nacional
Foto: Cleonaide Moreira de Novais Ribeiro

Coronelismo na Chapada Diamantina

            Região marcada por grandes diferenças sociais e concentrações de renda, a Chapada Diamantina foi, da segunda metade do século XIX até a década de 1930, um barril de pólvora comandado por poucos e muitos poderosos coronéis. As tradicionais famílias proprietárias de terras davam abrigo e empregos para os colonos e exploradores a procura de riquezas, e, em troca, conquistavam a gratidão e fidelidade dessas pessoas. Formaram-se assim verdadeiros exércitos de jagunços disposto a defender com a própria vida os interesses dos patrões. As divergências entre os coronéis levaram a criação de dois partidos políticos que, mais que uma posição ideológica, representavam uma escolha social. Os liberais e conservadores, ou simplesmente pinguelas e mandiocas, apelidos dados a um pelo outro. Esses dois partidos dividiam-se em tudo, do uso obrigatório da cor-símbolo do partido à formação de duas orquestras filarmônicas que disputavam a atenção nas festas populares.
       As mudanças da transição do Império para a República, ainda que chegando com certo atraso à região, acirram ainda mais a tensão política dos grupos rivais. A tentativa de centralização do poder em um governo federal e a conseqüente perda da influência política local e a abolição da escravatura foram mudanças que assustaram a política conservadora local.
        Com a morte do coronel Felisberto Augusto de Sá em 1896, acirram-se as disputas pelo poder na região. Os coronéis Felisberto Sá e Heliodoro de Paula Ribeiro travaram, através de seus jagunços, uma verdadeira guerra na região. O seqüestro do filho de Felisberto, Francisco Sá, agravou a disputa que só terminou com a intervenção do governador baiano. Um período de relativa paz marcou a passagem de comando dos coronéis a seus sucessores. Horácio de Matos, sobrinho do coronel Clementino de Matos é chamado para assumir as áreas do tio e propõe paz entre as famílias. Um curioso início de carreira para o homem que, após violentas batalhas contra a Coluna Prestes, seria definitivamente considerado o coronel mais temido e respeitado da Chapada Diamantina.


Texto de Carlos F. d' Andréa

http// www.cidadeshistoricas.art.br/hac/hist_05_p.php

                                                       


                                                          Coronel Horácio Matos
liandroantiques | §§§§§ MAIS UMA FAÇANHA DO GUERREIRO §§§§§


Coronel Clementino Pereira de Matos

liandroantiques | ## O INVENTOR DE HORÁCIO DE MATTOS ##