domingo, 18 de dezembro de 2011

A Guerra de Canudos: Coronéis X População

          O cenário era a Bahia do século XIX, quem governava o Brasil era Prudente de Morais. O Nordeste brasileiro serviu de palco para que ocorresse uma das mais significativas revoltas sociais da primeira República.
          A rebelião conhecida como Guerra de Canudos deu-se em virtude da situação precária em que vivia a população, sem terra e obrigada a se submeter aos arroubos dos coronéis. As terras pertenciam aos grandes proprietários rurais – os conhecidos coronéis – que as transformaram em territórios improdutivos. Essa situação revoltou os sertanejos, que se uniram em torno de Antônio Conselheiro, o qual pregava ser um emissário de Deus vindo para abolir as desigualdades sociais e as perversidades da República, como a exigência de se pagar impostos, por exemplo.
          Os moradores do arraial acreditavam ser ele um divino mestre, que já praticara até milagres. Antônio Conselheiro fundou o vilarejo denominado Canudos e os sertanejos e suas famílias para lá passaram a migrar. Vários fatores contribuíram para o desenvolvimento de Canudos. O clima seco castigava severamente a região, danificando o plantio de alimentos, secando os diques e matando os animais que não resistiam à falta de água. Os sertanejos também tentavam sobreviver, mas a cada ano milhares morriam de fome e sede. A maneira tão desumana de viver estimulava o surgimento de desordens e agitações sociais, transformando os camponeses em malfeitores que andavam em bandos pelos sertões do Nordeste, fortemente armados, apavorando as populações locais e invadindo as propriedades dos coronéis.
          Antônio Conselheiro, entre outros devotos, propagava a salvação da alma e o povo tinha fé que seu messias os ajudariam a sair daquela situação precária. A igreja começou a perder seus fiéis para um falso religioso, na concepção do governo, e assim ele passou a ser malquisto pela Igreja. No ano de 1896, o arraial contava com mais ou menos 20 mil sertanejos que repartiam tudo entre si, negociando o excesso com as cidades vizinhas, adquirindo assim os bens e produtos que não eram gerados no local.
Mulheres e crianças: prisioneiros da Guerra de Canudos
Mulheres e crianças: prisioneiros da Guerra de Canudos

          Os habitantes de Canudos precisavam se resguardar e decidiram então organizar milícias armadas, pois era de se esperar uma reação contrária da parte dos coronéis e da Igreja Católica. Enquanto a igreja perdia seus fiéis, os coronéis sentiam-se prejudicados com o constante deslocamento de mão-de-obra para Canudos, que prosperava a olhos vistos. A população abandonou a sociedade republicana convencional, que até então só a alimentara de falsas promessas, e partiu para na direção da nova sociedade que despontava. Mesmo sem nenhuma garantia, pois não havia falsas promessas, o que era mais honesto. Os padres e coronéis coagiram o governador da Bahia a tomar providências urgentes, eles queriam que o governo desse fim a Canudos. Os jornalistas e intelectuais também eram contra os moradores do arraial, pois entendiam que os mesmos desejavam a volta da monarquia, algo totalmente fora de propósito.

A Destruição de Canudos

          Foram instituídas três empreitadas militares, que foram vencidas pelos seguidores de Antônio Conselheiro. Em virtude de tamanha dificuldade, o Governo Federal assumiu o comando. A quarta expedição foi organizada pelo então ministro da Guerra, Carlos Bittencourt, o qual recrutou cerca de 10 mil homens que, comandados pelo general Artur Costa, apoderaram-se de Canudos e promoveram um terrível massacre, no qual muita gente inocente morreu, principalmente idosos e crianças, que só buscavam uma melhor qualidade de vida. A Comunidade de Canudos foi arrasada no dia 05 de outubro de 1897, entrando para a história como o palco do mais intenso massacre já presenciado na história.


Emancipação de Itabuna

          Em 1905 ao assinar uma petição, enviada à Câmara dos Deputados da Bahia, pedindo a elevação do distrito de Tabocas à condição de município independente. firmino alves
Acompanhada de documentação sobre a situação econômica e populacional, a petição com assinaturas dos moradores mais ilustres do distrito foi encaminhada para Salvador no dia 2 de junho de 1905.
O documento informava que o distrito contava com cerca de quatro mil habitantes e que a arrecadação local girava em torno de mais de 60 contos de réis.
      Os líderes do movimento informaram que, por falta de recenseamento, não poderiam saber ao certo a porcentagem da população adulta, mas era pelo menos 10% dos moradores.
      O grupo liderado pelo coronel José Firmino Alves (foto) informou às autoridades da Bahia que o distrito contava com 797 propriedades de “mais importância”, sendo 136 casas comerciais.                                                                  
      Existiam no distrito de Tabocas 661 residências particulares de “mais importância” (com melhor estrutura, ocupadas pelos comerciantes, grandes fazendeiros e seus parentes). Havia ainda várias praças e dezenas de ruas, sendo 18 delas principais.
     

Orçamento
     

          Junto com a petição enviada aos deputados, foi juntado um exemplar da Lei 2, de 23 de outubro de 1904. Na lei estava previsto o Orçamento Municipal para o exercício de 1905. Ela foi apresentada pelo intendente tenente-coronel Domingos Adami de Sá e decretada pelo Conselho Municipal de Ilhéus, que tinha o domínio sobre Tabocas. Estava previsto que naquele ano Ilhéus teria uma receita de 140 contos e 568 réis. O rendimento a ser produzido pelo 3º distrito (Tabocas) era da ordem de 60 contos de réis. Foi juntada ainda a certidão da Mesa de Rendas da Cidade de Ilhéus, de 31 de maio de 1905.
        Firmino Alves informava na petição que, para o funcionamento do governo local, ele cederia imóveis para instalação da sessão do júri (justiça local) e cadeia. Os prédios seriam emprestados por quanto tempo fosse necessário. Foi requisitado ainda que o governo do estado doasse ao novo município os terrenos devolutos.
     

Contra
     

           O movimento pela emancipação política encontrou resistência do coronel Antônio Pessoa da Costa e Silva, que era opositor de Domingos Adami de Sá e líder regional de José Firmino Alves. “Considero um ato de rebeldia e falta de disciplina partidária o que fez o senhor, pedindo ao governado José Marcelino a separação de Tabocas”, teria afirmado ao coronel Firmino Alves.
         Antônio Pessoa seguiu afirmando que “não concordarei nunca com semelhante ato, mesmo porque Tabocas não tem condições sociais para se transformar num município autônomo, separando-se de Ilhéus!”
       O relato é do historiador Adelindo Kfoury Silva, em seu livro Itabuna Minha Terra! De acordo com ele, Firmino Alves rebateu afirmando: “Estou cumprindo a vontade do povo de Tabocas como seu representante numa aspiração de dirigir os destinos da sua própria terra. Toda vez que um povo se compenetra de que precisa de sua liberdade, sabe o que quer e sabe para onde vai...”
      Após muita disputa de bastidores, a emancipação de Tabocas ocorreu em 1910, quando o senador Arlindo Leone, em conjunto com os senadores Batista de Oliveira e João Dantas, assinou o Projeto número 8, propondo a elevação de Itabuna à categoria de cidade.
      O documento, escrito de próprio punho, foi enviado no mesmo dia para a Comissão de Justiça e recebeu parecer favorável. 
      Depois de passar pela Câmara dos Deputados, seguindo os trâmites normais, subiu para o governador João Ferreira de Araújo Pinho que, sem vetos, no dia 28 de julho de 1910 sancionou a lei.


http://www2.uol.com.br/aregiao/art/hist/emancipa1905.htm

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Francisco Dias Coelho, o coronel negro

          Era filho de negros  forros, Quintino Dias Coelho e Maria da Conceição Coelho, ligados ao Major Pedro Celestino Barbosa, chefe político da cidade de Morro do Chapéu, na época, próspero centro minerador na Bahia.
          Trabalha na farmácia do padrinho, onde aprende a ler e contar; após receber do Major como presente a patente de alferes da Guarda Nacional, dedica-se ao comércio de diamantes, a partir dos 24 anos de idade. Ao conquistar fortuna ocupa também funções públicas como o tabelionato de notas e, depois, o Cartório de Hipotecas, acumulando ambos. Casou-se com Maria Umbelina de Oliveira Coelho, sem filhos; entretanto, do relacionamento com Vicentina C. de Amorim, uma mulata, foi pai de Deusdedit Dias Coelho, que veio a tornar-se médico em 1917.
          Em sua farmácia acolhe o então jovem Horácio de Matos, como aprendiz,  a quem presenteia com a patente de Coronel da Guarda Nacional. Horácio veio mais tarde, a se tornar num dos principais representantes do coronelismo brasileiro, e sua morte assinalou o fim deste período no país.
          Na cidade natal Dias Coelho foi fundador e principal incentivador do Grêmio Literário, em 5 de outubro de 1902, composto de filarmônica, teatro e biblioteca. Em 1914 torna-se intendente da cidade, cargo que exercia quando faleceu, em 1919.

Intendente de Morro do Chapéu
   
          Como intendente da cidade de Morro do Chapéu, Dias Coelho, dentre outras realizações, reformou a Casa da Câmara, e outros edifícios públicos como a Cadeia, o Hospício dos Órfãos, o Cemitério e outros. Realizou a iluminação pública, calçamento e a ponte que leva seu nome sobre o rio Jacuípe. Quando faleceu deixou nos cofres públicos um saldo de doze contos de Réis.

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http://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_Dias_Coelho